Casais que constituíram família, e nos quais ambos os cônjuges prezam sua carreira, se colocam diante de impasse quando o homem ou a mulher precisa mudar de cidade para trabalhar. Nesta perspectiva, esta pesquisa analisa histórias de casais dual career diante da mobilidade de cidade em função da carreira de um dos cônjuges. Três casais participaram da pesquisa: um em que a mulher acompanhou o marido, um em que o homem acompanhou a esposa, e um terceiro em que ambos moravam em cidades distintas. Utilizou-se o método da história oral temática e foram realizadas entrevistas individuais sobre a história da carreira e do casamento, que foram analisadas pela técnica da análise interpretativa. Nos dois primeiros casais, independentemente de gênero, houve predominância da carreira do sujeito que recebeu a oferta de mobilidade, sendo que os cônjuges ficaram responsáveis pelos afazeres domésticos. Já o outro casal manteve o casamento a distância justamente por não haver predominância de carreira. A questão da mobilidade foi dialogada com base nos planos das esferas familiar e profissional de cada cônjuge, e nos planos enquanto casal. Por um lado, a mobilidade emergiu como oportunidade para ascender ou assumir nova carreira; por outro, veio acompanhada de angústias e de incertezas. Em uma linha entre família e trabalho, os casais estabeleceram critérios de escolha, que implicaram sacrifícios visando a melhorias em longo prazo.